História Que eu alcance o seu coração (2025)

Eu nunca assisti o desenho do filho de Spirit, mas se alguma criança da minha família for assistir, eu assistirei juntokkkkkk. O Spirit Jr é a cara do pai, então usei uma imagem do Spirit filhote. Acho que é a imagem oficial do filme, mas se não for, aviso aqui que retirei do google imagens.

~K&A~

26 de março de 1790.

Sexta feira.

~K&A~

No meio da manhã, na companhia do marido e do casal Fletcher, Ada visitou o orfanato onde Yota residia. Era uma instituição modesta, mas acolhedora, situada na periferia da cidade. Construído em estilo georgiano, o edifício era feito de tijolos vermelhos, com janelas grandes e simétricas que deixavam entrar muita luz natural. As paredes eram cobertas por trepadeiras, que adicionavam um toque de verde ao ambiente.

Ao entrar, os visitantes eram recebidos por um hall de entrada simples, mas bem cuidado. O chão de madeira rangia levemente sob os pés, e o ar era preenchido pelo suave aroma de pão recém assado, vindo da cozinha. À direita, havia uma pequena sala de estar, onde as crianças se reuniam para ler ou ouvir histórias contadas pelos cuidadores. Um grande tapete no centro da sala oferecia um espaço confortável para as atividades.

Os corredores eram adornados com desenhos e trabalhos artísticos feitos pelos órfãos, trazendo cor e vida ao ambiente.

No andar superior, os dormitórios eram simples e ordenados. Camas alinhadas lado a lado, cada uma com cobertores de lã e um pequeno baú aos pés para guardar os poucos pertences das crianças. As janelas dos dormitórios ofereciam uma vista para o jardim do orfanato, onde os visitantes realizavam um piquenique com os pequenos.

No dia anterior, a Sra. Fletcher visitou o orfanato para agendar um piquenique com as crianças da turma de Yota. Ada queria muito passar um tempo com omenino, então Haruna achou que seria uma boa ideia, que isso acontecesse, por meio de um piquenique.

O jardim do orfanato era um refúgio encantador, um espaço de tranquilidade em meio à rotina do dia a dia. Ao sair pela porta dos fundos, os visitantes eram imediatamente tocados pela vista serena do ambiente, onde o verde das plantas contrastava com as cores suaves da primavera que começavam a se espalhar pela paisagem. As árvores frondosas, ainda com a folhagem nova, lançavam sombras frescas sobre o gramado bem cuidado. Algumas flores, como margaridas, violetas e lírios, floresciam ao longo das bordas, criando manchas de cor vibrante no cenário calmo. O aroma doce das flores misturava-se ao perfume terroso da grama recém-cortada, enquanto o som suave dos pássaros cantando completava a sensação de paz no local.

A manhã fresca de março indicava a transição suave entre o inverno e a primavera. O ar estava ligeiramente frio, mas não incômodo, convidando os presentes a se sentirem confortáveis enquanto aproveitavam o tempo ao ar livre.

O céu estava limpo, com poucas nuvens, e o sol, já em ascensão, trazia uma luminosidade suave, ainda não intensa o suficiente para o calor pleno do verão, mas forte o bastante para aquecer o ambiente. A estação era marcada pela promessa de novos começos, com a natureza se renovando após o inverno.

As duas cestas de piquenique, preparadas com muito carinho pela Sra. Fletcher, estavam cheias de delícias simples, mas generosas. Em uma das cestas, havia pães frescos, ainda quentes, crocantes por fora e macios por dentro. Ao lado, pequenos queijos curados, que combinavam perfeitamente com o pão, e alguns pedaços de presunto fino, enrolados com cuidado. Havia também frutas da estação, como maçãs, peras e uvas, dispostas de maneira colorida, que ofereciam frescor e doçura. Na outra cesta, a Sra. Fletcher incluiu pequenos bolos caseiros, fofos e cobertos com uma fina camada de glacê, além de biscoitos amanteigados e algumas compotas caseiras de frutas vermelhas, como morangos e framboesas, que eram perfeitos para serem espalhados no pão ou consumidos com as frutas.

O cenário era encantador, com as crianças reunidas ao redor, em pequenos grupos, sorrindo e interagindo enquanto se sentavam sobre mantas espalhadas no chão macio do jardim. O som dos risos e das conversas enchia o ar, criando uma atmosfera alegre e acolhedora.

As meninas usavam vestidos simples, de tecido de algodão grosso e bege. O modelo dos vestidos tinha um corte modesto, com mangas três-quartos, e uma cinta de tecido ajustava o vestido ao corpo. Por cima, usavam aventais cinza claro, para proteger as roupas durante o piquenique ou quaisquer outras tarefas práticas que realizariam mais tarde. Completavam o visual com meias brancas de lã grossa e sapatos de couro simples, próprios para o ambiente ao ar livre.

Ada segurava a mãozinha de Yota, que, assim como os meninos do piquenique, usava uma camisa de algodão grosso com colarinho simples. Sobre a camisa, vestia uma jaqueta curta e marrom, com botões de madeira. Suas calças de lona eram ajustadas na cintura com cordões e tinham um corte largo, permitindo liberdade de movimento, mas sempre com um estilo austero e sem adornos. Ele também usava meias de lã grossa, em cores neutras, e botas de couro simples, com solado resistente.

O único item de Yota que destoava do visual dos outros meninos era a máscara que cobria todo o seu rosto. Uma das cuidadoras pediu que ele a retirasse para se sentar com os outros, mas ele se recusou e ficou visivelmente angustiado. Ada, com sua calma habitual, assegurou-lhe que não havia problema em manter a máscara, e o garoto relaxou.

O casal Fletcher e Kawaki também não se incomodaram com a situação. O Uzumaki ofereceu um pedaço de bolo para Yota, que assentiu em agradecimento e correu para trás de uma árvore para comer. Depois de devorar o bolo, ele retornou, sentou-se ao lado de Ada e segurou seu braço com ternura. Ele gostava do cheiro de flores que ela exalava.

Ada, sempre atenta ao bem-estar de Yota, ofereceu-lhe um biscoito amanteigado, e ele, com um pequeno sorriso, levantou-se novamente para comer atrás da árvore. Quando regressou, Ada lhe disse que se sentaria com ele sobre um manto perto da árvore. Kawaki resolveu ir junto.

Enquanto isso, o casal Fletcher permaneceu no mesmo manto, com duas meninas enfeitando os cabelos de Haruna. Temujin lia uma história infantil em voz alta, e as crianças ao seu redor o escutavam com atenção, saboreando bolos e biscoitos.

— Yota... — A Uzumaki acariciava os cabelos dele suavemente — eu... um dia... eu vou conseguir tirar minha máscara.

— Estão mandando a Sra. Ada tirar? — Yota perguntou, seu timbre saiu preocupado.

— Já me pediram — ela respondeu, com um pequeno sorriso triste. — Mas, acho que eu deveria tirar por mim mesma... não viver mais me preocupando em cobrir metade do meu rosto.

— A Sra. Ada tem metade de um rosto muito bonito. Ele vai valer mais que a metade feia.

Ela sorriu, tocada pelas palavras dele, e continuou acariciando os cabelos do menino.

— Obrigada, Yota — ela disse, sentindo uma mistura de carinho e tristeza. — Mas... se eu tirar a minha máscara... também tiraria a sua?

A resposta do menino saiu com firmeza:

— Não. A Sra. Ada tem uma metade bonita do rosto... Yota tem todo o rosto feio.

Ada se silenciou por um momento, olhando o garoto com carinho. Ela queria dizer a ele que ele não deveria se envergonhar de seu rosto, que seria mais saudável se ele se aceitasse como era, mas sabia que não tinha o direito de pressioná-lo, uma vez que ela mesma não tinha coragem de tirar a própria máscara naquele momento.

Sem dizer mais nada, Ada o puxou para o colo e o abraçou apertado. Yota afundou o rosto contra o busto dela, sentindo a segurança e o conforto daquele gesto. Suas mãozinhas tremeram levemente. Que gostoso era receber aquele carinho.

Quieto, Kawaki observava a cena. Ele viu o esforço de sua esposa para controlar a expressão, o modo como seus lábios se comprimiam com força.

Mais tarde, depois do belo piquenique, Yota levou Ada pela mão até o seu dormitório.

Kawaki entregou atenção para outras crianças, deixando que o menino tivesse um momento a sós com Ada, percebeu que o pequeno queria mais a atenção dela.

A cama de Yota era uma das que ficava mais próximas da parede de fundo. Yota abriu seu baú com cuidado, retirando alguns brinquedos quebrados e gastos de dentro. A maioria estava com as rodas soltas ou os rostos de pano rasgados, mas para Yota, aqueles brinquedos tinham valor. Eles eram os únicos amigos constantes que ele tivera.

— Esse aqui... — disse ele, segurando um pequeno carrinho de madeira com uma roda quebrada. — É o favorito de Yota porque quando Yota bebê foi deixado na porta do orfanato, Yota bebê estava com o carrinho, então acho que a mamãe ou o papai de Yota deixou pra Yota brincar.

Ada olhou para o brinquedo, sentindo seu coração se apertar.

— É um brinquedo muito bonito, Yota — ela elogiou, esforçando-se para sua voz não sair chorosa.

Ele sacudiu rapidamente os ombros, um comportamento que indicava que ele ficou alegre, e Ada imaginava que um sorriso se formou por trás da máscara da criança.

Depois de mostrar os brinquedos, Yota se jogou de costas na cama e olhou para Ada com curiosidade.

— Sra. Ada... como é a Inglaterra? — ele perguntou, em timbre curioso e animado.

Ada ficou em silêncio por um momento, observando Yota, que, mesmo com sua máscara, parecia querer se conectar com algo além da dureza do orfanato. Ela sorriu suavemente e começou a falar, como se quisesse transportá-lo para um lugar diferente, um lugar onde ele fosse mais do que a criança que se escondia atrás da máscara.

— Quando eu era pequena, eu gostava muito de sair de Liverpool para ir a Londres. Havia um parque chamado Hyde Park, onde eu costumava passear. Lá, as árvores eram muito grandes, e o som dos pássaros parecia preencher todo o ar. Era um lugar tranquilo, onde as pessoas caminhavam devagar, e eu me sentava na grama, só para sentir o vento e ouvir os sons ao meu redor. Eu também amava o Museu de História Natural. Eles tinham dinossauros gigantes lá. Eu ficava encantada com a ideia de como o mundo podia ser tão grande, tão cheio de coisas incríveis.

Yota ouviu tudo atentamente, com os olhos fixos em Ada, imaginando os lugares que ela descrevia. Gostaria de sair para mais lugares além de praças e teatros.

— Deve ser maravilhoso — ele murmurou, com um suspiro distante, como se tentasse visualizar aquele lugar encantado.

Ada sorria amavelmente, também se deitou na cama, ao lado dele, os dois observavam o teto, enquanto ela seguiu falando:

— Quando o inverno chegava, as ruas ficavam cobertas de neve, e as lanternas da cidade brilhavam suavemente, criando uma luz dourada que fazia tudo parecer mágico. Eu costumava sentar perto da lareira com minha família, tomando chá.

Por baixo da máscara, Yota fechou os olhos, com um sorriso, ao tempo em que ela contava mais sobre o passado. Ele apreciava a voz de Ada e ainda sentia o cheirinho de flor que saía dela.

O tempo passou rápido e o momento de despedida chegou. A tarde já se inclinava para a noite, e o céu estava tingido de um dourado suave. O vento balançava as árvores, criando um murmúrio constante, como se o mundo lá fora estivesse dizendo adeus também.

Os casais Fletche e Uzumaki se despediram das crianças, na frente do orfanato, sendo assistidos por uma cuidadora. E como esperado, Ada teve seu momento de despedida com Yota, ele, sentindo que aquele havia sido o melhor dia de sua vida, abraçou a inglesa, sendo correspondido imediatamente, despertando um pouco de inveja nas crianças que queriam ter tido mais tempo com a Uzumaki.

— Eu voltarei mais vezes, Yota — dizia Ada, cheirando os cabelos castanhos. — Prometo escrevê-lo com frequencia.

— Yota ainda não sabe ler — a voz dele saiu triste.

— Eu leio para ti, Yota — a cuidadora ali perto falou, animando-o de vez.

~

Mais dias se passavam.

Menma III continuava com seus estudos, recebendo aulas particulares, e já não demonstrava mais interesse em frequentar a escola de Bielog. Permanecia decidido a cursar Direito e compartilhou com a família que seu objetivo era ingressar na Trinity College Dublin aos dezoito anos, uma universidade renomada na Irlanda.

Havia dias em que avistava seus ex-amigos de longe; no entanto, ele preferia manter a distância. E, para o bem deles, ninguém se aproximava quando percebia sua presença.

O jovem loiro também se dedicava ao treinamento de esgrima e passou a ensinar Miina a cavalgar, tanto com quanto sem sela lateral. A ruivinha Uzumaki seguia devorando livros e, além disso, recebia aulas de piano de um dos professores particulares de seu irmão, e também de Neji, quando ele visitava a propriedade. Miina estava quase terminando de preencher todas as páginas do livro que ganhara dos avós no ano retrasado.

Hinata reservava uma hora do dia para ensinar aos gêmeos as letras do alfabeto e a formação de sílabas. Ela gostava de usar desenhos e brinquedos para facilitar o aprendizado. Contudo, na maior parte do tempo, Boruto e Himawari seguiam aproveitando o simples prazer de brincar.

A plantação na propriedade Uzumaki continuava livre de pragas. O milho não era vendido tanto quanto as famosas batatas Bies, mas ainda assim seguia sendo um excelente produto na rotação de culturas.

Naruto fez uma visita ao Sr. Tobirama Swasey — que, como mencionara, Kiba era afilhado de um amigo — para perguntar sobre Kiba Hebert. Miina estava ansiosa por uma nova visita de Akamaru, para que Ada pudesse conhecê-lo também.

— Vou visitar meu amigo — respondeu o Sr. Swasey. — Da última vez, foi meu amigo quem me visitou, agora é minha vez. Aproveito a oportunidade para perguntar sobre o Kiba. Se ele estiver a caminho da minha propriedade, talvez nos encontremos, mas, caso contrário, ele sabe que pode visitá-los quando quiser.

A propriedade Uzumaki ganhou uma égua, Naruto pagou por um filhote de Spirit, como combinaram há meses.

Ada seguia exercitando sua voz. Para Kawaki, era maravilhoso chegar em casa e vê-la mais feliz. Em certos momentos, ele se sentia exausto e deitava a cabeça no colo dela, enquanto ela cantava suavemente, em um volume baixo, acariciando os cabelos dele. Ele se sentia no céu. Suas viagens tornavam-se cada vez mais longas e demoradas, mas no final, ele sentia que valiam a pena.

Ada trocava cartas com Delta, que já estava na Inglaterra com o marido. De acordo com a Hopkins, o trabalho do marido continuava rendendo muito. Ada decidiu parar de se incomodar com o sucesso do cunhado, já que, até o momento, sua irmã não parecia estar em perigo e seguia feliz.

Como combinou, Ada trocava cartas com Yota, sendo que uma das cuidadoras escrevia e lia para ele. Kawaki se esforçava para viajar com Ada até Dublin e participar um pouco dos momentos com o menino, que aos poucos se tornava mais comunicativo também com o Uzumaki. No entanto, na maioria das vezes, Ada viajava apenas acompanhada de Oga.

Estava quase tudo perfeito, mas o problema de Ada continuava sendo a máscara. Por vezes, tentava se encorajar a sair sem ela do quarto, contudo, no fim a colocava no rosto. Um dia, em segredo, foi atrás do Dr. Dittman, mas desistiu no caminho. É, ainda era muito fraca para isso.

Por que? Tanta coisa melhorou na sua vida, por que não conseguia vencer essa etapa?

Talvez fosse o medo, o temor de algo dar errado e interromper essa fase de tantos acontecimentos maravilhosos que ocorreu em sua vida.

Todavia, queria tanto ser um exemplo para Yota... tanto...

~K&A~

14 de abril.

Quarta feira.

1790.

~K&A~

Chuva dava à luz.

Na semana anterior, a égua de Log deu à luz ao primeiro filhote que foi nomeado de Pégasus.

Dia suave e de céu limpo.

O som do esforço de Chuva era uma mistura de relinchos baixos e ofegantes que cortavam a tranquilidade da manhã.

Ada estava de joelhos no chão da baia de sua equina, sua face marcada pela angústia e pela dedicação. Suas mãos, normalmente firmes e confiantes, tremiam enquanto ela acariciava o pescoço da égua, tentando confortá-la em meio à dor do parto.

Oga Dubois estava ali do lado, pronta para ajudar no que fosse necessário. O cocheiro estava mais afastado, observando a cena com um ar de respeito silencioso, ciente da ligação profunda entre a mulher e sua égua.

A dor de Chuva parecia se intensificar a cada instante, e o som de seus relinchos se misturava ao choro da dona da casa, que não conseguia conter as lágrimas. Cada gemido da equina parecia se expandir no ar, uma comunicação silenciosa de sofrimento que tocava o coração de quem estava por perto. A dona da casa, com os olhos fechados, sentia uma conexão profunda com o ser que estava à sua frente, compartilhando não só a dor do momento, mas a esperança do que viria: a vida que nascia ali.

O ambiente estava impregnado de uma tensão palpável, mas ao mesmo tempo havia uma paz estranha na forma como todos estavam ali, quietos, em um espaço sagrado de dor e renovação. O cocheiro, de quando em quando, olhava para a dona da casa, como se quisesse dizer algo, mas preferia manter a calma, respeitando o espaço silencioso do parto. A criada, sentindo a tensão aumentar, tentava distraí-la com palavras suaves, mas a dona estava absorta no sofrimento da égua, no sofrimento que ela mesma compartilhava.

Finalmente, após o último esforço de Chuva, o silêncio se instalou, quebrado apenas pela respiração pesada e cansada da mãe animal. A dona, com lágrimas nos olhos, soltou um suspiro de alívio, enquanto a égua começava a lamber o pequeno potro recém-nascido, que, com esforço, se erguia timidamente sobre suas patas. A dor, agora transformada em alívio e admiração, pairava no ar, e a dona da casa, embora exausta, sentiu uma paz profunda, como se algo mágico tivesse acontecido diante de seus olhos.

Kawaki chegou no início da noite, montado em Spirit, já adivinhava o que havia acontecido ao ver o cocheiro correr em sua direção com algo a revelar.

— Nasceu, Senhor! Nasceu! — exclamou o Sr. Stephen, parando ao lado de Kawaki, que desmontou e entregou as rédeas para o cocheiro.

A passos apressados, o Uzumaki se encaminhou para o estábulo, iluminado internamente pela luz amarelada das lamparinas acesas.

Lá dentro, deparou-se com sua esposa penteando os pelinhos do potro, que parecia uma pequena versão do pai.

— Amor! — ao perceber a chegada do cônjuge, Ada soltou a escova e se levantou toda feliz, correndo até ele. — Uma pena que perdeste, vem! — Ela agarrou o punho do marido, levando-o até o potro. — Vem conhecer nosso Spirit Jr.

Assim que pararam na frente da baia aberta de Chuva, o Uzumaki fitou a imagem do filhote que soltou um som adorável.

— Ele é lindo — os olhos de Kawaki brilharam. — Precisamos de um bom nome pra ele.

— Já falei o nome: Spirit Jr. — ela frisou.

— Ah... esse já é o nome? — Kawaki franziu um pouco a testa.

— Não gostaste? Desistimos de escolher um nome porque decidimos esperar o nascimento para olhar bem para o filhote e ver se a ideia vinha. Assim que eu o vi, o primeiro nome que me veio foi Spirit.

— Bem... eu não estava aqui, então tudo bem, pode ser Spirit Jr.

Ada voltou a se sentar sobre o banco e continuou a pentear o filhote, que esfregava o rosto contra o feno, explorando a sensação de tocar tudo ao seu redor. Em um momento, ele parou e fez contra ela, fazendo-a jogar a cabeça para o alto e rir. Ada gostava quando ele fazia isso contra o seu vestido.

O cheiro de Spirit Jr estava por todo o vestido de Ada, e Kawaki conseguia perceber.

Ouvindo o cocheiro abrir a baia de Spirit, o Uzumaki se virou e o chamou, avisando-o para não prender o cavalo. O Sr. Stephen soltou as rédeas. Spirit andou pelo estábulo, atendendo ao sinal de mão de Kawaki.

O Uzumaki deu um passo para o lado, permitindo que Spirit passasse. O cavalo cheirou os cabelos de Spirit Jr. e deu uma leve mordida nos pelinhos do filhote. Em seguida, Spirit fez o mesmo no vestido de Ada, fazendo-a rir. Chuva dormia tranquilamente, já havia amamentado oito vezes.

~

23:45h.

O casal ainda se envolvia na alacridade que o nascimento de Spirit Jr. despertara neles. Com sua roupa de dormir, a Uzumaki se penteava com energia, sentada à frente do espelho.

— Querido, chegou um convite de seus pais hoje. Está na mesa de cabeceira, sob o livro — a esposa lembrou, interrompendo o silêncio da noite.

O papel e o livro estavam exatamente na posição em que Ada os deixara após a leitura daquela manhã. Ela havia lido o convite bem cedo, mas passou o dia com a mente ocupada com Chuva, o que a fez pouco pensar sobre o assunto.

— É para almoçarmos na casa deles amanhã. Vou levar uma torta — ela esboçou um sorriso, ainda ansiosa com o gesto.

— Amanhã terei uma viagem — Kawaki avisou, a expressão mais séria. E percebeu a expressão desgostosa que se firmou durante alguns instantes na esposa. — Será que eles convidaram Konohamaru e Hanabi? Tu poderias ir com eles.

— Hanabi está viajando com Moegi — Ada revelou, pensativa. — Acho que o Sr. Konohamaru não vai sem ela.

O Uzumaki que colocava sua veste de dormir, interrompeu-se.

— Viajou novamente? — Kawaki perguntou, surpreso. Era a segunda vez que a ex-Hyuuga partia em viagem naquele ano.

— Sim... — Ada suspirou. — Ah, no convite, mencionaram que o Sr. Menma II e a esposa estarão presentes, assim como o Sr. Minato e a Sra. Kushina.

— Meu tio retornou... — Kawaki comentou, esfregando o queixo, claramente satisfeito com a notícia. — Então é melhor eu ir também, mas farei uma visita rápida. Enviarei uma mensagem para meu cliente, avisando-o que terei um pequeno atraso.

Ada olhou para ele com um leve semblante de tristeza.

— Eu não queria que fosse uma visita rápida, querido — ela disse, quase sussurrando.

Kawaki continuou se vestindo e quando terminou, mostrou que entendeu o que ela falou:

— Podes dormir lá, sabes que meus pais vão aceitar, e Miina ficará muito feliz.

Ada ficou em silêncio, pensativa. Mudando de ideia, disse, com suavidade:

— Não, é melhor eu voltar cedo. Preciso cuidar do Spirit Jr.

Ele andou até ela.

— As criadas podem cuidar disso, Ada. Passe a noite na casa dos meus pais — Kawaki insistiu, com carinho, abraçando-a por trás e beijando suavemente seus cabelos azuis. Quando se afastou, adicionou com um sorriso: — Vou dormir com a faixa hoje, então, se quiseres, tire logo a máscara.

Ela permaneceu sentada diante do espelho, as mãos repousadas nos joelhos. Esperou alguns segundos até ter certeza de que ele já havia coberto os olhos. Então, levantou-se e foi até a cama. Abriu as cortinas do dossel e sorriu ao ver Kawaki deitado, de braços abertos, já esperando por ela. Quando estavam assim, sabiam que estavam cansados demais para uma intimidade mais profunda. O que restava era apenas o calor do abraço.

— Treinaste canto hoje? — ele perguntou, quebrando o silêncio confortável. Sua mão acarinhando o ombro macio e a outra pousava sobre a mão feminina que descansava contra seu peito.

— Não... Eu senti que Chuva teria o potro hoje. Passei o dia com ela.

— Sentiu? — Kawaki sorriu de canto. — Choraste muito?

Ada ruborizou, pensando no quanto sofreu pela sua equina.

— Fiquei um pouco triste, não gostei de ver Chuva sentindo dor.

O peito de Kawaki começou a se agitar, Ada ergueu o rosto e viu o quanto o marido sufocava uma gargalhada.

— Deve ter chorado muito — as palavras dele saíram com fortes sopros de risos.

— Humpf! Tá... não fiquei um pouco triste, fiquei muito, chorei sim. O que tem de engraçado nisso? Significa que eu amo muito Chuva — Ada saiu de cima dele e se deitou de lado, de costas para ele.

Kawaki se acalmou, e levou uma mão até o braço da esposa, acariciando-a. Queria muito tirar a faixa e ver a expressão emburrada de Ada, todavia, conseguia imaginar.

— É um sentimento muito lindo, Ada. É algo que eu aprecio muito em ti.

— Não parece, pois estás rindo de mim.

— É normal fazermos alarde por pouca coisa, quando estamos envolvidos emocionalmente — Kawaki beijou o braço dela. — Acho engraçado. Ri porque eu sabia que daria tudo certo. Chuva e Spirit Jr estão bem. Não há problema em achar engraçado.

— Hum... — Ada se mantivera de costas para o cônjuge, ele insistiu com beijinhos sobre seu braço até que ela se rendeu, envolvendo-se novamente pela felicidade de ter seu potrinho e se voltou para ele. — Tem razão, é como quando riu de sua história sendo jogado como um saco de batatas na carroça.

Foi a vez dele de se emburrar, e rindo, Ada se grudou nele, antes que ele tentasse virar de costas para ela.

~K&A~

Dia seguinte

Quinta feira

15 de abril

~K&A~

A reunião na propriedade Uzumaki transcorreu em um ambiente acolhedor e festivo, com sorrisos e conversas preenchendo a sala de estar. A primeira hora foi marcada por conversas, enquanto todos se acomodavam nos assentos.

No sofá mais comprido estavam: Naruto e Hinata, Menma II e Shion, Kawaki e Ada.

Na poltrona, Hiashi, que segurava a bengala, pressionava uma ponta dela contra o chão, enquanto suas mãos, uma sobre a outra, repousavam na outra extremidade.

No sofá de dois lugares, Minato e Kushina entregavam atenção para Boruto e Himawari que exibiam para os avós seus desenhos de letras e pronunciavam em voz alta as combinações de vogais que haviam aprendido a ler. Antes de chegarem à propriedade Uzumaki, o casal Namikaze havia conversado com Menma II sobre o futuro dos negócios da família. Menma II prometeu que conversaria com Naruto sobre o assunto.

Menma III sentava no braço do sofá, à direita dos avós. Miina cruzava os braços sobre o encosto do sofá maior, atrás dos pais, assistindo e ouvindo tudo com atenção.

Menma II, com seus trajes de um tom sóbrio, mas sofisticado, e Shion, elegantemente vestida em um vestido de corte refinado, compartilhavam histórias sobre os primeiros meses de casados na Inglaterra. A união deles se tornava um símbolo de aproximação entre ingleses e irlandeses, e o sobrenome Namikaze Uzumaki já era usado como um emblema de união entre as duas nações, muito propagado nos círculos teatrais.

Naruto e Hinata; Kawaki e Ada; Menma II e Shion. Formou-se uma trilogia de romance. A sigla NU identificava os fãs da trilogia, seja bordada em chapéus, mantos ou coletes. A revolta na França impulsionou ainda mais o sucesso da trilogia, sendo a revolta francesa uma grande inspiração para apoiar o novo, algo que representasse a paz e buscasse novos ares.

— O amor está sendo a aposta do futuro — Menma II finalizou, sacudindo um pouco do vinho em sua taça. Suas pernas estavam cruzadas, e ele balançava levemente o pé que estava por cima. — Não há sentimento mais forte que possa unir essas duas nações.

— Isso é lindo — Hinata achou poético. — Achas que devemos assistir a uma peça da nossa história?

— Minha esposa e eu assistimos à nossa, gostamos — Menma II respondeu, trocando a taça de mão para repousar a direita sobre a mão de Shion.

A loira sorriu e assentiu, dizendo:

— Foi adorável, fizeram um tom de comédia, algo leve e divertido.

— Eu assistiria a uma peça da nossa história — Ada participou da conversa, segurando a mão do marido. — Mas, até hoje, o gênero dramático é o único trabalhado na nossa história, não é, querido?

Kawaki balançou a cabeça, confirmando.

— Prefiro evitar — ela acrescentou.

— Pensei que assististe quando se apresentaste em Dublin — Hinata comentou.

— A Sra. Ada se apresentou em Dublin? — Menma II perguntou, surpreso.

— Sim, uma vez, mas foi uma apresentação breve, fiz uma voz de fundo, na presença da Sra. Fletcher, a atriz que representa meu personagem na peça — Ada respondeu, um sorriso longo, sua lua turquesa chamejando. — Mas, não assisti à peça, aguardei a maior parte do tempo dentro do camarim da Sra. Fletcher.

— E qual foi o resultado? — Os olhos azuis de Menma II brilharam de anseio.

— Excelente — ela respondeu com satisfação. — A Sra. Fletcher disse que gostarias que eu fizesse mais participações especiais e eu aceitei logo, estou treinando muito. Ela me enviará uma carta avisando da data para a próxima apresentação. Talvez seja ainda nesse mês.

— Isso é tão bom! Queres saber, há um teatro na Inglater… — Menma II cortou a empolgação. — Perdão... esqueci que és de lá. Já deves conhecer os mais famosos.

Ele virou uma grande golada de vinho.

— Sim — Ada confirmou, nada incomodada. — Há alguns que não visitei pessoalmente, mas ouvia muito falar.

— Gostaste do teatro de Dublin ou apenas de se apresentar? — Menma II perguntou.

— Ambos — Ada respondeu, sorrindo.

— Há algo a mais que ela gostou — Hinata comentou, amavelmente. — Tem um amiguinho de um orfanato. Achou adorável, quando ela compartilhou com a família Uzumaki a respeito.

Miina fez um biquinho, não gostava de ouvir sobre Yota, sentia ciúmes. Ada parecia ser muito apegada a ele.

— Eu atraí a atenção dele por causa da máscara, ele já sabia da minha história... — Ada começou a falar amorosamente sobre o menino, deixando a ruivinha Uzumaki com cara fechada.

— Será que seria possível buscá-lo para uma visita? Eu ficaria tão feliz de recebê-lo — Hinata falou.

— Eu posso conversar com o diretor do orfanato — Kawaki disse, percebendo que a ideia agradou Ada.

— Seria divertido todos nós assistirmos juntos a algo no teatro — Miina mudou de assunto. — Eu assistiria muito a "A Bela e a Fera".

— Seria mais divertido assistirmos a uma peça da história dos nossos pais, — Menma III falou para a irmã. — Eu queria muito ver quem me representaria.

— Eu já assisti cinco vezes à peça do "Senhor das Batatas" na cidade vizinha — Neji falou, curvando-se para alcançar uma garrafa de vinho na mesa baixa. — Até agora, nenhum que me representou foi bonito, e nas duas últimas apresentações, sequer colocaram meu personagem. Quem segurou o mosquete para receber o Senhor Das Batatas em casa foi o ator que representava meu tio.

Alguns risos foram despertados em Menma II, Naruto, Hinata, Miina e Menma III. Shion ficou com um sorriso divertido. Em Kawaki, apenas um canto do lábio se esticou.

Shion reparou em um detalhe no colete de Neji. Enquanto ele sorvia um gole da bebida, ela perguntou:

— Sr. Hyuuga, que símbolo é esse?

Sobre a camisa de linho branco, levemente ajustada ao corpo e de gola alta, o colete de lã em tom cinza escuro apresentava um símbolo de uma gota dentro de um círculo. Um traço da gota ia para dentro, formando uma leve espiral. A calça de Neji era de um tom cinza claro, e as botas bem polidas, de couro preto.

— É o antigo símbolo da linhagem Hyuuga — ele respondeu, orgulhosamente. — Eu assumi totalmente a fábrica de lã do meu tio. Já mandei esculpir e pintar o símbolo na entrada.

— Eu desejo muita prosperidade — Minato falou, ele e a esposa continuavam mais focados nos netos gêmeos, mas não deixavam de acompanhar a conversa.

— Muito obrigado, a fábrica está indo bem — Neji afirmou.

Embora o lucro não fosse comparável aos tempos de grande riqueza da família Hyuuga, pelo menos o negócio prosperava com honestidade e trabalho árduo.

O patriarca dos Hyuugas não agia como o velho rabugento da última vez que estivera na propriedade, e não se sabia se ele estava atento à conversa, mas se comportava de modo paciente.

Hinata imaginou que ele estivesse apenas cansado de reclamar e torcia para que ele, enfim, estivesse satisfeito com o que tinha. Ou ainda que ele não estivesse satisfeito, e sim apenas exausto, tudo bem também. Contanto que parasse de ser tão ranzinza, seria algo bom. Hinata oraria para que os anos que restavam ao seu pai fossem serenos. Ele precisava descobrir o prazer de ter uma vida calma, ela refletia.

— Alguém quer uma música de ocarina? — Menma III ergueu seu instrumento acima da cabeça, atraindo a atenção de todos. Seu visual estava o mais habitual possível, nas cores predominantes azul claro e branco. — Eu criei uma melodia nova ontem, cinco minutos antes de dormir.

A Sra. Uzumaki avistou a governanta se aproximando, e se levantou, dizendo amorosamente:

— Deixe para depois, meu filho. O almoço está pronto, Sra. Hollingshead?

— Sim, senhora.

— Venham, vamos todos para a mesa — Hinata pediu e envolveu carinhosamente o braço de seu filho com suas mãos, confortando-o.

Menma III não ficou tão chateado porque ansiava pela comida de Hinata.

~

O vestido delicado de Hinata, em tons suaves de lavanda, combinava perfeitamente com seu semblante sereno. Seus cabelos estavam presos atrás da nuca, mas não em um coque; as madeixas laterais emolduravam seu rosto com um charme sutil.

Ela mantinha as mãos unidas à frente do corpo, observando todos se acomodarem à mesa. Um sorriso tímido, quase frágil, surgiu em seus lábios ao pensar na ausência de Hanabi. Mais uma vez, teria que lidar com a mágoa da irmã por não poder compartilhar este momento importante.

Ao lado esquerdo da mesa, sentavam-se, respectivamente: Kushina, Minato, Menma II, Shion, Neji e Himawari.

Ao lado direito: Kawaki, Ada, Miina, Menma III, Hiashi e Boruto.

Naruto estava sentado em uma extremidade da mesa, de frente para sua esposa, que ainda não havia se acomodado. Logo, todos perceberam que ela parecia querer dizer algo.

— O que há, mãe? — Menma III perguntou, quebrando a tensão no ar.

Hinata respirou fundo, seus olhos suaves e decididos, antes de falar.

— Preciso avisá-los de algo importante. Assim que soube que o Sr. Menma II e sua esposa estavam de volta à Irlanda, senti que precisava chamá-los o quanto antes. Claro que queria muito revê-los, mas a verdadeira razão da minha ansiedade é outra. Tenho uma notícia importante sobre a família Uzumaki. Vocês já perderam o meu casamento celta, e eu queria que, pelo menos, estivessem aqui para este momento. O mesmo para o senhor, meu pai, e você, primo, meu irmão Neji.

— Se a comida estiver muito boa, posso pensar em perdoá-la — o Hyuuga mais jovem disse, causando algumas risadas ao redor da mesa.

— Ela não tem que perdoá-la, foi um casamento surpresa, somente Menma III sabia — Naruto ressaltou. Ternamente, pediu para sua esposa: — Sente-se, querida, não precisa se explicar a ninguém.

— Está tudo bem, amor — ela falou docemente. — Ainda não acabei.

— Agradecemos por fazer esse almoço especial para nós — Menma II disse, em nome daqueles que não puderam testemunhar o casamento celta de Naruto e Hinata. — Fique tranquila quanto a isso, minha doce cunhada. Só pelo que fizeste na vida do meu irmão, saibas que meus pais e eu já achamos isso muito especial.

Concordando com o filho, Minato e Kushina moveram positivamente seus rostos, olhando para a perolada. Era claro que teria sido maravilhoso ter testemunhado o casamento celta, porém o casal não esquecia de sua posição em relação a Naruto e que dele não poderiam exigir muito.

Hinata sorriu com suavidade e, com uma mão apoiada no encosto da cadeira, respirou fundo antes de revelar:

— Estou grávida.

Silêncio.

Um silêncio profundo, quase palpável.

O ambiente pareceu congelar, como se o tempo tivesse desacelerado.

Naruto ficou imóvel. Seus olhos se abriram um pouco mais, e ele ficou ali, paralisado, como se as palavras precisassem de mais tempo para se encaixar em sua mente. A confusão tomou conta de seu rosto, e ele não conseguiu sequer mover-se por alguns segundos. Ele olhava para Hinata, sem acreditar, sua mente tentando processar a enorme mudança que ela acabara de anunciar.

Hiashi, com um sorriso calmo e tranquilo, observava a cena. Ele sabia que aquele momento significava algo importante para sua família, embora sua expressão fosse serena e sem grandes demonstrações.

Minato e Kushina sorriam contentes com a notícia. Eles se entreolharam, sabendo que ambos se envolviam pelo belo sentimento.

Kawaki entreabria os lábios, seus rotundos azuis acinzentados aos poucos tremeluziram.

Um sorriso suave brotou em Ada, os lábios se espremeram por uns breves instantes, mas logo depois retornaram a ser um suave sorriso.

Himawari, com as mãozinhas apertadas e os beiços trêmulos, buscou observar seu irmão gêmeo. Boruto sustentava uma expressão indecisa, sem saber se a notícia era boa ou ruim para ele.

— Quando Hanabi partiu, eu ainda não tinha certeza, mas confirmei dois dias depois — a Sra. Uzumaki acrescentou com um sorriso, porém com um pequeno brilho triste em suas luas. — Eu até pensei em impedi-la de partir, mas ela estava tão ansiosa para a viagem, que temi que fosse engano.

Neji, com um sorriso brincalhão, se levantou e foi até Hinata, abraçando-a pela cintura e a levantando no ar, fazendo-a perder o pequeno brilho triste.

Naruto se moveu rapidamente, tomando Hinata de volta dos braços do primo.

A ação do Hyuuga fez o Sr. Uzumaki se despertar de seu transe, Naruto se ergueu e contornou a longa mesa, indo tirar sua esposa das mãos de Neji.

— Como ousas fazer isso com tua prima logo após ela revelar que está grávida?

— Calma aí, Sr. Uzumaki — Neji respondeu, rindo. — Desde que ela me contou sobre a paixonite que teve por mim, fica me tratando assim. Será que nem mesmo com ela estando grávida do senhor, pela segunda vez, é o suficiente para acabar com esses ciúmes sem cabimento?

Naruto ignorou o Hyuuga, e apertou as mãos da esposa, fitando-a profundamente, vendo-a sorrir com os orbes marejados, ela aproveitava cada segundo da reação do marido.

O Uzumaki, sentindo a pressão se dissipar, se ajoelhou na frente de Hinata e, sem se importar com os olhares à sua volta, beijou o ventre de sua esposa com carinho, duas vezes. Hinata acariciou seus cabelos loiros, o gesto carregado de amor e alegria.

Menma III foi se enfiar entre os pais, abraçando sua mãe, causando um pequeno desequilíbrio no pai, que quase caiu. Naruto rapidamente se recompôs, atento para evitar que o filho levantasse Hinata como Neji havia feito. Mas, Menma III apenas ficou grudado na mãe com um suave abraço.

Menma II apertou fortemente a mão da esposa, por baixo da mesa. Ele fitou Shion que meneou levemente, ele assentiu.

~

As surpresas não pararam com a revelação de que Hinata estava grávida. Uma hora após o almoço, Kawaki já se preparava para anunciar que partiria. No entanto, foi nesse momento que Menma II e Naruto retornaram do escritório, após uma longa conversa.

Menma II, com um sorriso suave, segurou a mão de Shion e, com um gesto tranquilo, assegurou a ela que podia compartilhar a novidade.

Com um olhar tímido Shion revelou para todos que também estava esperando um bebê. A notícia caiu como uma explosão de felicidade na sala, e o clima festivo na casa se intensificou.

Depois da revelação de Hinata, Menma II e Shion decidiram sem palavras que revelariam outro dia, contudo, Menma II queria que seu irmão soubesse primeiro. E, no escritório, Naruto perguntou por que não revelariam logo, e Menma II argumentou que não queriam tirar o foco da notícia de Hinata. Contudo, para Naruto, soou como uma bobagem. Ele não via nisso mais do que um motivo a mais para transformar aquele encontro em uma celebração ainda maior, uma ampliação da alegria que já tomava conta de todos.

A felicidade imensa por saber que seria pai novamente fez Naruto aceitar assumir parte dos negócios da família. Menma II nem precisou insistir muito; Naruto, com um sorriso sincero, aceitou a proposta de envolver-se ativamente na gestão das fábricas. Contanto que as responsabilidades fossem divididas igualmente entre ele e o irmão. Cada um trabalharia para arranjar um grupo de pessoas confiáveis, evitando o sobrecarrego.

Kawaki decidiu que era melhor enviar uma nova mensagem para seu cliente, tentando remarcar seu compromisso. Com a esposa, ele permaneceu mais tempo na propriedade, desfrutando da comemoração dobrada.

~

Quando o pôr do sol começou a pintar o céu, ele e Ada estavam na carruagem, viajando de volta para Bielog. Kawaki percebeu, então, o alívio que ela sentia.

Ada havia ficado agoniada para ir embora. O dia inteiro foi preenchido com conversas sobre bebês, e ela conseguiu reagir apenas com sorrisos gentis. O que a salvou, no entanto, foi a companhia de Miina. Passar um tempo com ela na biblioteca trouxe-lhe um pouco de paz, acalmando seus pensamentos. E quando chegou a hora de sair da biblioteca, Ada passou a ansiar pelo calor de seu lar e descansar ao lado do marido, em privacidade.

O Uzumaki a olhou com preocupação e perguntou:

— Sente-se bem?

Ada assentiu, oferecendo-lhe um sorriso gentil antes de voltar a olhar para suas mãos repousadas sobre o colo.

— Já que não vou mais ver o cliente, podemos voltar e descansar lá, se quiseres — ele sugeriu, sua voz calma e acolhedora. Afinal, ele havia insistido que ela poderia descansar lá. Agora, ele também podia fazer o mesmo.

— Não, — ela respondeu, elevando um pouco a voz, antes de suavizá-la. — Na verdade, é a última coisa que eu quero agora.

— Estás bem mesmo? Se é por causa das revelações de hoje... Não se sinta pressionada. Continuo respeitando a tua escolha, Ada.

Os lábios femininos se apertaram levemente. Ele era um homem tão bom, tão compreensivo. Sentia-se privilegiada por ter o melhor marido do mundo, mas, ao mesmo tempo, o peso da situação a deixava com o coração apertado. Ele dizer que não queria que ela se sentisse pressionava, acabava pressionando-a de todo jeito.

A viagem seguiu silenciosa, Ada esfregou o olho mais de uma vez, o esposo percebeu, mesmo ela tentando fazer de uma forma sutil.

No meio da viagem de volta, o início de uma ideia começou a se formar na mente de Kawaki. Ele sorriu um pouco. Esperava não estar se precipitando, aguardaria alguns meses, mas já sustentava uma grande carga positiva ao pensar a respeito.

Meu querido público, eu desejo bons sonhos.

História Que eu alcance o seu coração (2025)
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